CURSO DE DIVERSIDADE TEXTUAL: OS GÊNEROS EM SALA DE AULA
RELATO DE EXPERIENCIA
Professores:
José Aderson e Silva Filho
Áurea de Souza Brandão
Apresentação
Para transformar as atuais práticas de ensino-aprendizagem da língua materna faz-se necessário adotar a noção de gênero, visto que os gêneros textuais articulam as práticas sociais e os objetos escolares, constituindo-se em instrumentos privilegiados para o desenvolvimento das capacidades necessárias à compreensão, produção oral e escrita dos mais variados textos existentes, pois, como afirmam muitos estudiosos, aprender a falar, ler e escrever é, principalmente, aprender a compreender e produzir enunciados através de gêneros.
O curso Diversidade textual- os gêneros em sala de aula contribuem de forma significativa para o trabalho pedagógico dos educandos, pois acrescentou teorias e experiências que não havíamos adquirido.
Sabe-se que o ensino de linguagem vem cada vez mais assumindo um papel de grande importância na educação e em outros setores. Para tanto, durante o trabalho educativo é percebível a necessidade de valorizar a capacidade de verbalizar idéias e opiniões. Nessa perspectiva são enfatizadas a nós educadores diferentes situações que proporcione aos alfabetizandos diversas formas de expressar suas idéias, analisar situações, fazer inferências, contextualizar o processo de leitura e escrita através dos gêneros. Contudo o professor tem que ter uma postura investigatória, que trabalhe numa proposta de letramento em sua prática pedagógica. Portanto, trabalhar a diversidade textual deve ser uma prática constante e a busca de conhecimento para desenvolver essa competência é tarefa do professor de hoje.
Com esta postura, o educador envolvido com este processo de aprendizagem que os diferencie com os demais, deverá implementar atividades diversificada, dinâmica, que aguça a curiosidade e aprendizagem dos educandos, que realmente construa desafios e despertem sua criticidade, fazendo com que cada sujeito avance em seu processo de aprendizagem individual ou coletiva, para que no futuro tornem cidadãos participativos e atuantes na sociedade.
Caracterização da escola
A escola Francisco Raimundo Dutra, está situada na localidade de Córrego do Urubu I a 5 km da sede do município de Jijoca de Jericoacoara, oferece as modalidades de ensino fundamental I e II, atendendo a uma clientela de 225 alunos, na faixa etária de 06 a 14 anos. A referida escola atende uma clientela de classe social média baixa e baixa, onde a maioria das famílias vive da agricultura, de trabalhos temporários no distrito vizinho de Jericoacoara e da renda de programas sociais como bolsa família.
A entidade tem uma abrangência de atuação aos alunos da localidade de Carro Quebrado, Córrego do Urubu I e II. Jijoca dos Lulas e chapadinha.
A escola apresenta uma carência muito grande na sua estrutura física conta apenas com quatro salas de aula, uma cantina, uma secretaria e dois banheiros. A mesma não dispõe de uma sala de leitura e não há uma área de lazer. Outro problema que afeta, é a falta de acompanhamento das famílias nas atividades escolares e na escola no geral, o acesso também dificulta a vinda dos alunos até a escola.
A escola atente nove turmas sendo dividida em dois turnos, manhã e tarde, no turno da manha funcionam as turmas: 2º ano com 24 alunos, 3º ano com 30 alunos, 5º ano com 20 alunos e 8º ano com 38 alunos e no turno da tarde as turmas: 1º ano com 22 alunos, 4º ano com 29 alunos, 7º ano com 30 alunos e 9º ano com 29 alunos.
O núcleo gestor da escola é composto por uma diretora, um coordenador pedagógico do fundamental I e outro para o fundamental II e uma secretária escolar. Conta com uma equipe de sete professores, sendo cinco efetivos e dois temporários. O quadro de funcionários de serviços gerais é composto por treze pessoas, sendo doze efetivos e um temporário.
Fundamentação teórica
O atual momento, marcado por grandes mudanças que afetam todos os segmentos da sociedade, exige na área educacional, um grande empenho do professor para garantir que sua formação aconteça de forma continuada, favorecendo a eficácia em orientar os educandos pelos melhores caminhos da aprendizagem do ensino da língua portuguesa. Dessa forma torna-se imprescindível trabalhar as práticas sociais de leitura e escrita, abordando o ensino da língua através da diversidade textual.
A prática das habilidades de leitura e produção de texto nas escolas têm se tornado um fator preocupante, visto que as dificuldades apresentadas na produção textual estão diretamente relacionadas ao não reconhecimento do gênero proposto.
Segundo João Batista (2008: 31), “não se trata de estabelecer esquemas rígidos ou critérios meramente formais para classificar os textos. Da mesma forma que a língua falada evolui, o uso e a mistura desses vários gêneros também evoluem. Mas isso não tira nem o mérito nem a importância de conhecer e classificar os textos. Por sua vez a identificação das características formais do texto, próprias de cada gênero, também ajuda o aluno a melhor compreender o sentido daquilo que o autor quer comunicar e também vai ajudar os alunos a redigir seus próprios textos”.
Não basta falar de leitura, da necessidade de ler, de grandes propostas e intenções, é preciso que a leitura e a diversidade textual façam de fato parte da vida escolar dos alunos. A formação de um indivíduo leitor é uma construção coletiva da qual participam a família, o professor e toda a equipe escolar. As condições físicas e materiais que a escola oferece aos alunos também têm uma contribuição positiva ou negativa nesse processo.
Como destaca Carmim Ferraz (2007: 30 e 39) “apenas a presença da diversidade textual na sala de aula não é suficiente; é preciso trabalhar, de fato, com essa diversidade. Abordar efetivamente os gêneros textuais naquilo que tem de específico supõem conhecer o que os distingue uns dos outros, isto é as suas características. É pelo uso, pela reflexão e produção do gênero que o aluno constrói seu conhecimento”.
Cabe a escola, por excelência, desempenhar essa importante tarefa no desenvolvimento dessa atividade, que deve ser exercida no cotidiano da sala de aula e não em ações isoladas e sem significado. O trabalho com gêneros textuais deve estar contextualizado, em situações nas quais os alunos tenham motivações reais para escrever corretamente e comunicar-se através da escrita. Entre os principais recursos que precisam estar disponíveis na escola para viabilizar a proposta do curso, estão os textos autênticos que circulam socialmente.
Diante do grande desafio de trabalhar com gêneros textuais, a teoria e a prática devem estar atreladas e aprofundadas constantemente, com o intuito de buscar respostas para tantos anseios e desafios que se apresentam no decorrer do trabalho pedagógico, referente ao desenvolvimento das capacidades lingüísticas baseadas na proposta de ensino apresentada pelo Curso de diversidade textual – os gêneros em sala de aula. No entanto isso não acontece de imediato, pois requer do educador muito estudo, trabalho, dedicação e persistência.
RELATO DE EXPERIÊNCIA DA SEQUÊNCIA DIDÁTICA
A crônica conquistou a preferência de muitos leitores, especialmente por ser um texto curto, leve, lírico ou humorístico, baseado em fatos do nosso cotidiano. Sabendo também que é um dos gêneros mais utilizados pelos livros didáticos, no entanto, relativamente familiar aos alunos.
O referido relato está baseado numa sequência didática aplicada na turma do 9ª ano composta por 29 alunos, em que observamos um nível alto de problemas sociais, destacando principalmente a ausência dos pais na vida escolar dos alunos. Inicialmente apresentei o livro do projeto “Lendo na Escola”, do autor Laé de Souza, onde busca fazer com que o aluno possa adquirir através da leitura e atividades propostas à capacidade de desenvolver a escrita de forma adequada. Para realizarmos esse trabalho, contamos com a parceria da escola Carlos Jereissati, que fez um empréstimo de 30 livros. Após a apresentação do projeto começamos a leitura da primeira crônica “Esmeraldo, o garçom” onde causou muito interesse, pois através do seu tom humorístico fez com que os alunos pudessem se sentir influenciado pela leitura clara e compreensiva. Em seguida escrevi a definição de crônica no quadro mostrando suas características especificas no texto. Após o estudo do gênero, os alunos conseguiram com facilidade identificar o tema da crônica em estudo.
Em seguida fizemos a leitura das crônicas do “Maluco Beleza” e “Tira o dez” e pedi para que fizessem a análise dos textos, procurando identificar as semelhanças e diferenças apresentadas de acordo com as características do gênero, assim pude perceber que a maioria encontrou facilidade para a resolução do exercício. Debatemos rapidamente sobre os temas mencionados e verifiquei através dos recursos lingüísticos que alguns alunos tem certo receio de expor suas concepções em público. Pedi para que fizessem um desenho retratando todo contexto da crônica. Socializamos as imagens percebemos a criatividade e ludicidade dos alunos diante dos fatos inspirados pelo cronista.
A atividade que alunos apresentaram um grau maior de dificuldade foi à transformação de um gênero escrito para uma linguagem oral. Neste exercício pedi para transformarem uma crônica em uma peça teatral. Percebi que a maioria da turma ficou presa ao texto, não conseguindo fazer as adaptações necessárias para produzir oralmente o contexto da crônica.
Por fim, realizamos em duplas as produções das crônicas usando os personagens do livro “bastidores do cotidiano”. Fizemos algumas leituras. Debatemos algumas semelhanças e diferenças. Entregaram-me o texto para devidas correções. Posteriormente farão as reescritas nos seus respectivos cadernos corrigindo as falhas apresentadas. As aulas foram bastante produtivas e participativas.
GÊNERO TEXTUAL – 9º ANO CRÔNICA
OBJETIVO GERAL:
Reconhecer as características do gênero textual crônica, relacionando com os fatos do cotidiano, para que possa ter a habilidade de produzi-lo adequadamente.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS:
- Ativar estratégias de leitura para diversas crônicas;
- Conhecer os aspectos da sua realidade, cujo fato é temas de certas crônicas;
- Ter habilidade de expor oralmente suas idéias sobre realidades socioculturais locais;
- Identificar as características de uma crônica;
- Produzir a crônica a partir de um fato de seu cotidiano utilizando personagens já existentes;
MATERIAL UTILIZADO:
- Livros do Laé de Souza
- Pincel
- Folha pautada
- Lousa branca
- Folha ofício A4
- Lápis de cor
- Caneta
- lápis
- Borracha
PROCEDIMENTOS:
1º ETAPA
Distribuir os livros do projeto “Lendo na Escola” para cada aluno. Fazendo uma abordagem do autor Laé de Souza.
- Se já ouviram falar a respeito do Laé de Souza?
- Conhecem os seus projetos?
- Se já tinha visto o seu livro “Bastidores do cotidiano”?
Após essa predição explicar sobre os projetos por ele elaborados e que daremos inicio as atividades.
2ª ETAPA
Apresentar os textos abordados nos livros. Fazendo a leitura do primeiro texto “Esmeraldo, o garçom”. Após a leitura, comente com a turma se eles conseguiram definir o tema do texto. Fazendo uma breve definição de crônica.
Copie no quadro a definição de crônica: “Relato breve de fatos do cotidiano, que pode ter caráter critico, lírico e/ou humorístico.” Pedir os alunos se eles identificaram com clareza o fato do cotidiano apresentada no texto.
3ª ETAPA
Fazer a leitura das crônicas “Maluco Beleza” e “Tira o dez”. Após a leitura, fazer a análise dos textos, quais as semelhanças e diferenças apresentadas pelas características da crônica.
Qual o tema tratado;
Fato real ou ficção;
Ponto de vista (crítico, lírico, humorístico);
Linguagem usada (formal ou informal);
Foco narrativo;
4ª ETAPA
Pedir aos alunos que façam um desenho de outra crônica apresentada no livro. Para que o aluno possa através da imagem, colocar o cenário, o ambiente , o fato que serviu de inspiração do cronista. Socializar os desenhos fazendo um debate sobre o tema proposto na crônica estudada.
5ª ETAPA
Fazer grupos para a leitura coletiva de crônicas do livro e selecionar o melhor texto para que possa apresentar através de uma peça teatral. Fazendo as adaptações necessárias para a sua realização onde irão observar o fato do cotidiano proposto, cenário, personagens etc.
6ª ETAPA
Apresentação das peças teatrais. Nesse momento o professor irá avaliar os aspectos lingüísticos, extralingüísticos e paralinguisticos de cada educando.
7ª ETAPA
Após a realização destas atividades, foi organizada duplas para a escolha de um dos personagens do Laé de Souza e produzir um texto tendo como base um fato do seu cotidiano.
8ª ETAPA
Análise em dupla da crônica produzida pelos alunos. Verificar a ortografia, coerência, coesão e as características da crônica. Entregar as crônicas para devidas correções.
9ª ETAPA
Fazer a reescrita da crônica nos seus cadernos fazendo as correções de suas falhas.
AVALIAÇÃO DOS RESULTADOS
A avaliação foi realizada através das atividades propostas em cada etapa, observando o desenvolvimento individual de cada discente, nas atividades realizadas nos grupos e pela elaboração da crônica.
As atividades foram propostas de acordo com o nível e faixa etária dos educandos permitindo a eles a aprendizagem, descontração, atenção e construção no seu processo de desenvolvimento da aprendizagem. Através das atividades desenvolvidas percebemos que houve aproveitamento e êxito no desempenho dos discentes, sendo que uma minoria encontra-se com dificuldades de aprendizagem. Ao desenvolvermos este trabalho na turma percebemos os grandes avanços em relação à apropriação da leitura e escrita.
O conhecimento adquirido no curso, nos permitiu viabilizar o nosso ensino sobre a diversidade do gênero de uma forma mais clara e precisa, proporcionando aos alunos uma aprendizagem mais significativa e alegre. Nós educadores fomos contemplado com uma gama de informações diversas, que na realidade contribuíram para nossas atividades pedagógicas. Esta formação nos fez retomar questões relacionadas ao processo ensino aprendizagem da língua escrita e falada e também na produção de texto. Sem esquecer a melhora da competência comunicativa dos nossos alunos.
Na semana do meio ambiente, foram desenvolvidas algumas ações na escola e uma delas foi uma trilha ecológica com os alunos do 9º ano, planejada para a aula de geografia da professora Silvonete. A mesma teve o percurso da escola até as margens da lagoa, onde o principal objetivo era conhecer e discutir os principais problemas ambientais encontrados as margens da lagoa.
Os alunos com a professora chegando as margens da lagoa.
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